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Lucas Zaffari

  • Writer: Helena Horta
    Helena Horta
  • Feb 24, 2021
  • 7 min read

Updated: Aug 27, 2023

Conheça Lucas Zaffari, ator e produtor no Brasil e nos Estados Unidos!

(foto de Rogério Fernandes)


Natural de Porto Alegre, Lucas atua desde 2011, quando fez seu primeiro curso de atuação, o Atuação Para Câmera, na Take 04 (na época, ainda um braço da Casa de Teatro de Porto Alegre).

"Eu comecei aos 20 anos, já mais velho que a maioria, mas me apaixonei e no fim do curso eu fui bem avaliado. Aquilo só me deu mais energia para seguir nessa carreira."

Como você decidiu se mudar para os EUA?

Em 2013 eu finalizei todos os cursos da Take 04 (iniciação, intermediário, avançado, TV e Cinema) e fiz uma oficina de montagem com o Zé Adão Barbosa, na Casa de Teatro de Porto Alegre.

Depois de fazer todos os cursos, sentei com o Zé para conversar e ele me guiou para ir para os Estados Unidos ou para a França. Inclusive conversei contigo mesmo (Helena) (risos), que já estava lá, estudando na NYFA. Te perguntei várias coisas e para outros amigos que estudavam na UCLA também e acabei indo para a NYFA fazer o curso de Um Ano (o One Year Acting Conservatory).

O curso de um ano poderia ser feito tanto no campus de Nova Iorque quanto no de Los Angeles. Mas se eu quisesse estender do Um Ano para o BFA (curso de graduação), eles só era feito em Los Angeles, então acabei escolhendo ir para Los Angeles mesmo, caso eu quisesse estender, não ia precisar me mudar.

Qual processo você usou? (O-1, F1). E como foi esse processo?

Eu fui para estudar, com o visto F1. Durante o curso, eu aprendi que existia a possibilidade de aplicar para o OPT, um visto que te dá a oportunidade de trabalhar na área em que você se formou (no meu caso, atuação).

Acabei fazendo isso e foi ótimo. Durante meu tempo de OPT eu acabei conhecendo a VOXX Studios, um estúdio de dublagem em Los Angeles. E ali eu comecei uma carreira de dublagem. Acabei ficando quatro anos dublando lá.

Os trabalhos que eu fiz durante meus doze meses de OPT me deram a oportunidade de poder tentar aplicar para o visto O-1. Com bastante ajuda de todo mundo que eu conheci lá, eu apliquei e consegui o visto.

Fiquei um ano estudando, um ano com o OPT, e outros três anos com o O-1, trabalhando.


Qual foi um momento marcante na sua carreira nos EUA?

É engraçado porque nessa carreira a gente lembra dos pontos altos, né. Tem muitos pontos baixos, mas os altos nos dão um ar para poder continuar. É uma carreira muito difícil.

Depois de matriculado na NYFA, tu tinha que apresentar um monólogo, que eles avaliariam, para depois dividir as turmas.

Eu me lembro que eu estava lá, com cerca de outros cem alunos. A diretora da escola chegou e explicou como seria o processo. Ela disse "vocês receberam um email explicando tudo". Eu nunca tinha recebido este email.

E eu não tinha um monólogo decorado, assim, em Inglês. Fui direto no celular procurar. Eu achei um, comecei a decorar e logo em seguida me chamaram. Eu tava muito tenso. Entrei naquela sala, onde tinham quatro professores avaliando e comecei a interpretar (era um monólogo tenso, emocionante). Eu comecei a me emocionar, a chorar e soluçar. Toda a tensão descarregou ali, sabe?

Eles pediram pra eu parar e perguntaram quanto tempo eu passei me preparando. Na tensão, eu respondi que não sabia até vinte minutos atrás. Quando eu falei isso, ficou um silêncio e um dos professores só falou "wow".

Aquilo lavou minha alma (risos), me deu uma energia pra continuar.

E claro que teve outros momentos. O meu teste para entrar na VOXX foi tenso também, porque eu nunca tinha dublado antes.

Mas deu tudo certo e eu acabei tendo um bom relacionamento com o meu diretor de lá, o Sebastian, que me indicou para ajudar a fazer um curta do Edson Celulari.

O Edson acaba me indicando para o Paulo Nascimento, um diretor e produtor aqui do Rio Grande do Sul.

Depois de dois anos do curta do Edson, o Paulo me liga dizendo que precisava de um ator que falasse Inglês e Português, do meu perfil e eu acabei vindo pro Brasil direto pra filmar a série "The Journey".

É incrível. Quando a gente olha pra trás, a gente consegue ligar os pontinhos né, mas nunca consegue fazer isso olhando pra frente (risos). Eu jamais imaginaria que uma coisa levaria a outra.

Então temos que fazer as coisas com a melhor das intenções e acreditar que vai te levar à um lugar sério. Aonde tu quer chegar.

O que você gostaria de ter sabido sobre a indústria antes de você se mudar?

Gostaria que tivessem me falado que a indústria é realmente difícil. Às vezes, as pessoas mascaram. Eu gostaria de saber a realidade, os números. Claro que depois de passar um tempo lá, tu aprende, né.

A indústria não somente é difícil, mas todos os talentos do mundo estão indo para LA ou NY. Então a competição é não somente em quantidade, como em qualidade.

Os números são incrivelmente baixos, estatisticamente. Pouquíssimos atores têm trabalho, para ter uma carreira mesmo. E menos ainda os que são celebridades. Isso é um em muuuuitos milhões (risos).

Eu já fui para lá tendo um pouco de noção, mas viver isso mesmo, ser um brasileiro que fala com um pouco de sotaque, que está lá, tentando achar um agente, para então tentar achar trabalho... é um processo muito longo.

Não é uma corrida rasa.

E daí tem o problema do dólar, que tá alto. É daí tu tem que te sustentar, mas tu sendo estrangeiro, não pode trabalhar com nada que não seja na área do teu visto (para mim, atuação), então legalmente tu não pode trabalhar ali em um café pra conseguir te sustentar, por exemplo.

E é caro né. Pagar aluguel, comida, contas, tudo... fica caro.

Todos os brasileiros que querem ir para lá tem que pensar muito nesse sentido de sustento e tentar arranjar contatos daqui. Ter um agente que conhece alguém lá é crucial para que a tua tentativa seja bem sucedida.


Você já teve algum momento que pensou em desistir? Que momento foi esse?

Já tive sim. Eu tinha sido aceito pra fazer um speck commercial (um comercial que não é oficial da empresa, mas de alguém que estava fazendo o comercial para tentar vender para a empresa). Na época, era da Nintendo Switch.

Eu fiz o teste, o diretor me ligou, comentou que eu tinha sotaque e perguntou se, caso eu recebesse um texto, eu conseguiria fazer o sotaque americano standard. E eu disse que sim, porque de fato eu conseguiria.

Eu treinei bastante e chegando lá, o diretor falou que a gente podia improvisar (era uma cena de briga). E tudo aquilo que eu tinha trabalhado no sotaque, acabou caindo nos meus hábitos normais, porque no improviso tu se perde um pouco.

O diretor parou umas três vezes a cena para comentar do meu sotaque. Ele vinha no meu ouvido pedir para eu tentar meu máximo.

Nossa, eu me lembro que aquele dia eu fiquei muito mal, muito mesmo. Aquilo me desmoralizou.

No próximo dia, na segunda diária, ele adorou. Elogiou tudo, inclusive o sotaque. Mas a noite anterior foi uma noite super mal dormida (risos).

Você já pagou algum mico em set ou área de trabalho?

Graças a Deus, nunca aconteceu. Mas já fui filmado pelo meu diretor de dublagem e a maneira que eu atuo é engraçado.

Eu lembro que eu fazia um personagem que tinha uma voz que eu chamo de "balão". Os gestos e maneirismos me ajudavam a chegar nesse tom de voz.

O diretor gravou e mandou pra mim, rindo da maneira que eu ficava. Eu parecia uma bailarina ali dentro da cabine (risos).

Você já passou por alguma situação constrangedora / preconceituosa / misógina?

Eu também nunca passei por nada disso. Já estive perto de pessoas que começaram a indicar um comportamento nesse sentido, mas foi amenizado e nunca aconteceu nada de muito grave.

Foi uma coisa muito cultural. Um colega indiano acabou fazendo um comentário que poderia ter sido interpretado de um jeito ruim. Mas logo foi conversado e ele se explicou. Deu pra entender que tinha sido uma questão cultural e não um comentário intensional de má índole.


Você está trabalhando em algum projeto no momento, ou tem algum link de algo que você gostaria de dividir?

Eu fui escalado para um projeto muito legal. Estou muito animado, mas não posso falar sobre (risos).

Uma série que eu fiz, chamada Verona, foi lançada no final do ano passado, na Prime Box Brasil. É uma série linda, uma versão moderna de Romeu & Julieta.

E um longa-metragem que eu rodei no ano passado, chamado Distrito 666, está na fase de distribuição.


Que conselho você daria para alguém que quer trabalhar nos EUA?

Quem tem a oportunidade e consegue ir estudar fora, eu acho que vale muito a pena. Não só para crescer como pessoa, mas lá a indústria é gigantesca, tem muito mais técnicas, mestres, estudos... e isso tudo já tá incrustado lá. A cidade inteira gira em torno disso. Todo mundo que tu conhece, ou faz parte da indústria, ou conhece alguém.

Tem que se programar, mas quem tem a oportunidade, vale a pena.


Ah! E aproveite para pegar o OPT. Aproveita essa oportunidade para trabalhar, porque o visto O-1 não é um visto fácil de conseguir. Tem que provar que tu é uma pessoa de habilidade extraordinária. E isso não apenas é uma coisa difícil de provar, mas como tu não sabe quem vai pegar teu caso para avaliar. Uma pessoa extraordinária pode ser alguém que tenha a habilidade de falar Português nos Estados Unidos, ou alguém que já ganhou o Oscar (risos). Então é bem relativo.

O OPT é bem mais fácil de conseguir, você em que ter notas boas no curso e provar que você vai de fato se formar. É um que vale muito a pena.

Agora, se você já tem conteúdo suficiente e possa aplicar diretamente pro O-1, também acredito que seja uma boa ideia, mas indicaria já ter contatos lá.

Acho que você será mais bem sucedido se usar os contatos daqui pra poder chegar lá já engatilhado para algum projeto.

Até porque, para provar tua habilidade extraordinária, tu tem que indicar trabalhos de 1 a 3 anos no futuro. Tu tem que ter trabalhos já planejados.

* o processo de aplicar para o O-1 é bem longo mesmo e envolve muitos fatores. Nós vamos fazer um post explicando tudo isso em breve.


Pra quem quer ir para lá trabalhar, contatos são cruciais. Algum agente, ou alguém que esteja lá pra te indicar.

Agora, pra quem não tem essa oportunidade, eu acho que ficar no Brasil e buscar crescer aqui para depois utilizar dos contatos lá seja o caminho mais inteligente.

Enquanto isso, vá treinando o seu Inglês! (Risos) Porque pra quem fala Português desde sempre, falar Inglês com sotaque de Americano perfeito, são muitas horas de trabalho duro e de entendimento de língua. É quase que impossível (risos).

Mas quanto mais trabalho, melhor. Mais perto da excelência a gente chega.

Você encontra Lucas no seu Instagram @lucaszaffari

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