Lamps Lampadinha
- Gabriela Ono
- Feb 10, 2021
- 5 min read
Conheça Lamps Lampadinha, editor e mixer de som.

Lamps Lampadinha é um profissional freelancer em Los Angeles com vasta experiência na indústria cinematográfica e musical. Lamps é como se diz por aí, um canivete suíço quando se trata de filmes, jogos e música. Sound Mixer, Sound Designer e produtor musical, Lamps tem 5 Grammy Latinos em seu currículo. Como produtor musical e engenheiro de mixagem, Lamps já trabalhou com centenas de artistas dos mais diversos estilos, como por exemplo Soul Asylum, Ugly Kid Joe, Roberto Carlos e Carlinhos Brown. Como Dialogue Editor e Mixing Engineer Lamps fez parte de uma das campanhas publicitárias de maior sucesso na televisão brasileira, o projeto "Gente Que Faz" do então banco Bamerindus. Com mais de 200 episódios, a série de TV foi veiculada em todo o país por mais de dois anos, semanalmente, todo sábado antes do Jornal Nacional. Como Sound Engineer e Dialogue Editor, Lamps trabalhou na série de jogos FIFA 2000: Major League Soccer, pela Electronic Arts. Como Sound Mixer, Lamps trabalhou no filme Minha Mãe é Uma Peça 3, a produção de maior bilheteria da história do cinema brasileiro. Hoje, Lamps é Sound Mixer e Sound Designer para filmes, games e música em Los Angeles.
Como você decidiu se mudar para os EUA?
Minha filha decidiu fazer cinema, então foi uma boa hora pra eu dar uma mudada nas coisas que eu vinha fazendo também, depois de tanto tempo trabalhando quase que exclusivamente com música, havia chegado a hora de uma mudança, e a decisão dela veio a calhar.
Qual processo você usou (estudar, O1 etc)? E como foi o processo?
Eu apliquei para o EB-1 (Green Card) ainda do Brasil, mas como estava demorando muito, decidi aplicar em paralelo a isso para um 0-1. Assim que saiu eu vim. Depois de um tempo saiu o EB-1, que é o que eu uso hoje.
Qual a maior diferença cultural que você sentiu no seu trabalho?
Eu sempre fui e sou um profissional organizado, adoro criar pastas e mais pastas para cada projeto que faço, backups e mais backups. A indústria do cinema aqui em Los Angeles é muito rigorosa em relação a organização e não deixa espaço para erros, então isso não foi tão chocante pra mim, mas pra quem não tem esse perfil, deve ser bem chocante acredito. Eu trabalho tanto no set quanto em post production, no set a hierarquia, as posições, a linguagem é bem diferente da do Brasil, embora eu nunca tivesse trabalhado em uma produção brasileira antes de vir pra cá. A primeira oportunidade que tive foi quando trabalhei no filme Minha Mãe é Uma Peça 3, e foi exatamente ao contrário. Numa produção brasileira muitas posições e a linguagem são bem diferentes, mas dá pra deduzir e saber o que está acontecendo ou sobre o que estão falando sem problemas. Já em post production, a organização é muito, mas muito mais rigorosa e exigente, tudo se baseia em planilhas e rígida nomenclatura, e isso tudo muda de estúdio pra estúdio, cada um tem a sua praticamente, o lado bom disso é que o que está escrito, e o que será feito, se houver alguma alteração, deve ser reportado, analisado e alterado se assim autorizado pelo seu supervisor. Parece que isso amarra o processo, de certa forma sim, mas se garante que não existam falhas ao longo do processo, principalmente quando se tem dezenas ou centenas de profissionais envolvidos no processo, é assim que as coisas funcionam, e é assim que a indústria do cinema é a maior do mundo.
5. Qual foi um momento marcante pra sua carreira nos EUA?
Poxa, são tantos, meu primeiro projeto com a HBO, Apple, Disney, Paramount. Mas acho que quando me sindicalizei, o sindicato do cinema em Hollywood era o mais difícil, concorrido e também o mais caro para tornar-se membro.
6. O que você gostaria que alguém tivesse lhe contado sobre a indústria antes de você se mudar?
Que a hora de almoço nem sempre tem uma hora (haha).
7. Você já teve algum momento que pensou em desistir? Que momento foi esse?
Jamais, sou determinado. Não diria desistir, mas ficar apreensivo sim, essa pandemia tem sido no mínimo desafiadora. Eu penso assim, mesmo quando tudo está mal, como durante a pandemia, eu sempre fixo meus pensamentos nas coisas positivas. Veja só, se você ficar pra baixo, você acabar criando um outro problema, além daquele que já tem. Eu não crio problemas, eu elimino problemas. Claro que não vou sair por aí dando pulos de alegria porque o trabalho sumiu durante a pandemia, mas focar naquilo tudo que aconteceu de bom até então, e no que ainda está por vir, te ajuda a fugir da dos momentos de baixo astral, isso faz muita diferença. Aproveitar esses momentos para estudar é uma boa alternativa também.
8. Você já pagou algum mico em set ou área de trabalho?
Claro, a clássica: A gente pode rodar mais uma vez por favor? Eu não estava gravando!
9. Você já passou por alguma situação constrangedora / preconceituosa / misógina?
Nunca, pelo contrário, toda vez que falo que sou do Brasil a galera adora. Segundo a minha experiência na indústria do cinema, a imagem do brasileiro é sempre muito bem recebida.
10. Você está trabalhando em algum projeto no momento, ou tem algum link de algo que você gostaria de dividir?
Tem tudo no meu site, www.mynameislamps.com exceto as produções que ainda estão pra serem lançadas, claro.
11. Que conselho você daria para alguém que quer trabalhar nos EUA?
O primeiro de todos os passos é sem dúvida alguma procurar uma empresa especializada em imigração. Essa empresa vai analisar o seu caso detalhadamente e te dar a real possibilidade em você adquirir um visto, e também qual visto melhor se aplica as suas necessidades. Também lhe darão uma estimativa dos custos de todo o processo, o tempo que poderá levar e todas as demais informações que você precisa para começar o processo de imigração. Durante o governo anterior as coisas ficaram bem mais difíceis, e o tempo aumentou muito, os custos consecutivamente aumentaram também, e as possibilidades ficaram bem mais restritas, isso fez com que muita gente desistisse de imigrar ou até mesmo, voltasse para o Brasil. Mas acho que agora com a nova administração, as coisas ficarão mais flexíveis.
Outra coisa importante é ter o mínimo de domínio da língua, não existe a menor possibilidade de trabalhar, sem entender o que as outras pessoas estão falando, ou sem conseguir ler um texto propriamente. Certeza que você vai ser reprovado na primeira entrevista de emprego. E entrevista é o que mais tem antes de ser contratado, seja pessoalmente ou Webex, Skype, Zoom etc.
Ter uma reserva financeira para os primeiros 2 anos é muito importante também, porque não pense que já vai chegar apavorando porque não vai.
De resto é laser beam focus e correr atrás do que você quer, porque quem fica parado é poste haha
Você pode encontrar o Lamps no Instagram @mynameislamps
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